Músicas mágicas

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Algumas Flores



Sempre pela manhã me pego observando a paisagem através da janela do ônibus, esses dias embaçada, por conta do clima de inverno, gosto mais do clima de outono porque é minha estação, não desprezo o inverno mas gosto mais da estação em que nasce. A paisagem do lado de fora passa rápido mas em algumas paradas dá para observar melhor os detalhes, algumas vezes muito lixo, muita sujeira, algumas vezes alguns insetos (acho interessante, principalmente as formigas trabalhadoras, aliás, acho que não tem formiga preguiçosa, pelos menos nunca vi), outras vezes algum bichinho tipo um lagarto simples e a depender do lugar pode ser até um camaleão, uma iguana, e por conta do lixo, camundongos também. Se souber observar, todo dia vai encontrar algo novo, o problema é que a rotina deixa tudo sempre igual e fica tudo muito chato em preto e branco. Eu sei! Os cães enchergam em preto e branco e em geral são felizes, mas nós aprendemos a enchergar as cores, pelo menos alguns de nós, porque outros de nós parecem robotizados, zumbizados. "A rotina está transformando muitos em zumbis e fabricando muitos robôs em série". Podemos observa-los em maior quantidade nos pontos de ônibus em filas, principalmente pela manhã, ao meio dia e no finalzinho da tarde, mas eles estão em vários lugares, em várias situações e em vários horários.
P.S. : Em algumas situações a rotina as vezes pode se chamar faz de conta, tipo; deixa pra lá, faz de conta que não viu.
Para escapar da "praga dos zumbis e da tecnologia avançada da robótica" eu criei um método. Todos os dias eu observo a paisagem e tento encontrar algo que antes não estava ali, ou que talvez eu não tenha visto em em outro momento. Pode parecer ridículo mas para mim não o é, eu encontro muitas coisas, eu descubro muitas coisas e com isso trabalho minha memória e minha percepção, é divertido, eu acabo entendendo como algumas coisas se encaixam. Mas eu observo tudo mesmo, e estendo isso á vários setores da minha vida.
Um belo dia, passando por um lugar onde eu já havia passado várias vezes, observei algumas flores que nunca tinha visto antes, talvez por causa da estação, talvez por causa da distração, porque sou tão observadora que vez enquando me distraio com uma ou outra coisa, e há quem diga que eu ando no mundo da lua, e á propósito, também já andei observando por lá. Há lugares mais distantes no sistema solar que eu ainda não cheguei. Mas eu quero continuar falando das flores, aquelas pequenas flores me fizeram viajar no tempo, fui para o passado, em uma época em que eu era criança e no caminho da escola encontrava um jardim onde também haviam flores pequenas e coloridas. Tinham umas branquinhas, rosinhas, vermelhinhas, amarelinhas e umas cor-de-abóbora, daquelas que agente brincava de bem-me-quer e mal-me-quer, lembra? Pois é, naquela época "a gente era doce" e a maldade não existia mesmo, o que existia era travessura de criança, o tempo era outro, "já não se fazem mais crianças como as de antigamente". Antigamente as crianças eram mais "bobinhas", elas enchergavam as cores e tudo era novidade, tudo era mais bonito e nada era chato, nada era rotina e tudo era uma aventura e todo dia uma aventura nova começava com o nascer do sol e terminava á noite quando iámos dormir, e algumas vezes não terminava quando iámos dormir porque podiámos sonhar. Esta noite podemos sonhar?
Lembrei de uma coisa bem "besta". A minha mãe tinha na frente da casa uma área cheia de plantas, eu como sempre, uma criança curiosa, gostava de observar os insetos que "moravam" nas plantas, eu observava bem de pertinho, observava com um pouco mais de distância os insetos que eu tinha medo.
Eu observava as lesmas, daquelas que vivem em um caracol e aquelas que parecem amendoins naquela casca durinha, aquela casca marronzinha que ele tem logo quando é retirado da terra, talvez seja por isso que eu não como esse tipo de amendoim.
Eu observava as formigas, as borboletas, as aranhas... de vez enquando uma minhoca se "arriscava" saindo da terra. Isso para mim era o máximo, eu achava lindo, até hoje ainda acho.
Lembrei que; uma vez me queimei com uma lagarta de fogo ( não sei se realmente o nome da tal lagarta é esse mas era assim que a gente chamava porque a sensação era de queimar-se ao tocar nesse inseto), uma vez passei várias horas observando as formigas cortando e carregando organizadamente em fila as folhas das plantas, isso elas faziam mais á noite, pela manhã as plantas já estavam sem nenhuma folha. Uma vez tive medo de uma borboleta gigante e sempre achei que as minhocas eram mini cobras, inclusive tive a oportunidade de ver uma cobra bem de perto, não tenho medo, não muito. As aranhas faziam um trabalho belissímo tecendo suas teias, e novamente as lesmas sempre achei bem estranhas porque por onde se arrastavam deixavam um rastro de gosma transparente que depois que secava continuava transparente, porém, brilhante. Os dois tipos de lesma deixavam esse rastro. Me desculpe se está na hora do seu almoço!
Algumas vezes aparecia também um beija-flor para beijar as flores da minha mãe, eu o observava também. Eu sei! Esse é um vertebrado assim como as cobras, os lagartos, os cães, os seres humanos e etc e tal.
Lembrei também que havia uma planta que todos os dias pela manhã, bem cedo, parecia soltar fumaça e eu acordava cedo várias vezes só para poder ver "a planta que soltava fumaça". Está vendo como as crianças de minha época eram "bobinhas",  "coitadinhas", elas se interessavam pela natureza e enchergavam as cores.
De vez enquando aparecia também no meu zoológico... bem, em maior parte de insetos, umas mimosidades como libélulas coloridas e centopéias. Eu gostava muito de observar as libélulas porque as achava bonitas e ainda acho mas quase não ás vejo mais, e gostava de observar as centopéias, elas se movimentando com suas várias "pernas", eu ás achava estranhas mas interessantes, até hoje conservo este pensamento. Ainda sobre as centopéias, haviam umas bem mais estranhas que outras, haviam umas que se agente tocasse se enrolavam e "fingiam de mortas"(nesse aspecto, tem gente que imita centopéia), era o máximo observar esses seres, haviam também graciosas joaninhas enfeitando, sempre tão bonitinhas, eu gosto tanto delas que hoje em dia faço coleção. Calma! A coleção não é de joaninhas de verdade. Já pensou que maldade?
O que eu pode parecer besteira, mas se o homem sair da Terra e viajar para Marte ou qualquer outro planeta do sistema solar e lá encontrar um bichinho desses, então, o mundo inteiro ficará de "queixo caído", os noticiários só falarão disso, por dias, semanas, meses, anos... mudarão os livros. Com certeza trarão o bicho para a Terra para DISSECA-LO e estuda-lo, infelismente, mas os insetos passarão a ter certa importância já que existirá um planeta dos insetos.Todo ser vivo tem seu valor.
Bem, mas eu só queria mesmo falar de algumas flores que me fizeram retornar á época em que o que era simples era bom, á época em que enchergavamos as cores, a época em que as pessoas em geral eram mais inocentes, menos preocupadas e mais felizes, "a época em que a praga dos zumbis e tecnologia avançada da robótica ainda não predominavam". Mas as crianças daquela época são os adultos de hoje, etão, não deveriámos ter conservado algo de bom?
 O que me consola é que ainda tem gente que consegue enchergar algumas flores no caminho.
 

 

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